Vale Cambezinho celebra o Pacto Local

No dia 20 de novembro, cerca de 50 moradores do Vale Cambezinho, em Londrina, celebraram o Pacto Local. O evento realizado na Escola Estadual Prof. Heber Soares teve início às 18h. O Pacto Local é o sexto passo da metodologia da Rede de Desenvolvimento Local e representa a formalização dos compromissos assumidos na Agenda Local. Nesta celebração participam todos os integrantes da Rede e todos os seus parceiros.

A iniciativa é da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) e do Serviço Social da Indústria (Sesi). O Pacto visa apresentar o planejamento a diferentes públicos, a fim de que todos possam se tornar parceiros para a execução das ações definidas pelos moradores.

A abertura do evento abriu com a fala da supervisora Cintia Mendes, responsável pelo bairro, que explicou a agenda do dia. Ela afirmou que as expectativas de um Pacto Local sempre são as maiores. “As pessoas que estiveram aqui, estavam bem comprometidas. Todas se manifestaram e estavam dispostas a ajudar. Esse bairro tem chance de ir para frente, de caminhar e fazer mais ações, do que estas que estão previstas”, afirmou.

A articuladora da Rede, Gislane Syllos, também falou sobre a Rede e o Fórum Desenvolve Londrina. “Sempre me perguntam como fazemos para mobilizar as pessoas do bairro. A maioria delas tem vontade de participar das ações, mas se acomodam, porque não sabem por onde começar”, contou.

Gislane enfatizou que a Rede é um projeto apolítico e é muito conhecido por várias pessoas: “Este é um momento da comunidade, para ver de que maneira vamos unir forças e fazer nossa parte como cidadão”. Ela disse que este trabalho de mobilização é fundamental para despertar muitos moradores. “Quando vem alguém de fora e mobiliza escola, associação, igreja, prefeitura e outras instituições, todos começam a pensar num sonho em comum e as coisas boas começam a acontecer e contaminar o local, tudo flui”, disse.

A moradora e presidente da Associação de Moradores do Vale Cambezinho (Amovac), Nina Cardoso, emocionou a todos com a leitura da história do bairro com os sonhos de 2020 e também apresentou uma das ações, que é o mutirão de limpeza do bairro, com o objetivo de distribuir panfletos de conscientização a respeito do lixo. “Sem mobilizar as pessoas ninguém faz nada sozinho. O evento trouxe gente nova, que se dispuseram a integrar o trabalho”, declarou.

A agente de Desenvolvimento Local do Vale Cambezinho, Ariane Núbia Pires, explicou a metodologia da Rede aos moradores e contou a sua experiência na comunidade. “A experiência que trago até este momento é que aprendi a ouvir mais as pessoas. Procuro buscar em cada pessoa o que ela tem de ativo, o que ela tem de melhor. Às vezes, moramos em um lugar e não conhecemos a sua realidade e todos podem contribuir”, afirmou.

Ariane disse que para chegar até este dia, foi preciso muito sacrifício. “Fomos fazendo, reunião, por reunião, os moradores buscando e levando mais pessoas. Tem muitas pessoas que não sabem da Rede e por isso não contribuem. Divulgar é fundamental”, relatou.

Poder Público

O presidente da Câmara de Vereadores de Londrina Padre Roque compareceu ao evento. Além de vereador, Roque é morador do Vale Cambezinho. Ele relatou a história de um prefeito de Paris que junto com a comunidade conseguiu limpar a cidade em 15 minutos, onde todos varreriam a rua no mesmo momento. “A comunidade está descobrindo que nem tudo o poder público consegue realizar e que a comunidade pode dar a sua parcela de contribuição”, contou.

Padre Roque destacou o trabalho da Rede em Londrina: “Essa parceria entre poder público e comunidade é de suma importância. O trabalho de vocês tem despertado a consciência dos moradores. Queremos estar juntos, eu como legislador e vereador para servir mais a comunidade”, afirmou ainda que como mora no bairro, gostaria que houvesse cada vez mais conscientização. “Ninguém é tão pobre que não possa oferecer nada e ajudar a sociedade como um todo.”

A vereadora Lenir de Assis disse que é imprescindível o envolvimento da comunidade com questões ligadas a sua localidades. “Nem tudo que a comunidade precisa, certamente o poder público pode oferecer no tempo em que a comunidade espera. Mas, a comunidade organizada saber defender as sua prioridades e juntas elas tem forcas para cobrar os seus governantes”, declarou.

Lenir afirmou que a Rede é fundamental para despertar o consciente das pessoas: “A comunidade também é responsável, por tudo que tem no bairro. Sobretudo, para saber capitalizar aquilo que no momento é mais necessário. Neste sentido, os moradores se vêem como participantes e membros ativos da comunidade sujeitos a direitos e deveres.”

Comunidade

O morador e professor Amauri Cardoso expressou alegria com o Pacto Local e disse que é importante que a comunidade celebre suas conquistas: “A vinda da Fiep, com esse projeto para o desenvolvimento de Londrina, faz parte de nossa comunidade. Hoje estamos em festa comemorando e este rito”.

O seu Nelson Mota dos Santos mora no bairro há 29 anos. O senhor que reside nas proximidades do colégio, afirmou que participar do evento fez com que ele tivesse vontade de participar do desenvolvimento do bairro. “Agora que conheci a Rede, estou pronto para colaborar. Já me prontifiquei, o que precisar de mim, estou aqui para atender”, contou.

Carlos Roberto Romagnolli é professor de Educação Física e participa da Rede. Para ele, o Pacto Local levanta muitas idéias de como melhorar a qualidade de vida do bairro. “Se a qualidade de vida melhorar, conseqüentemente, melhora a auto-estima e traz o desenvolvimento do bairro. A Rede serve para interar idéias e necessidades”, completou. O professor coordena uma das ações do bairro prevista para o próximo ano, que é a criação de um projeto do Centro de Apoio ao Idoso. Este centro de convivência pretende oferecer a terceira idade o desenvolvimento de sua capacidade, dentro de suas limitações. A comunidade vai buscar apoio de universidades e voluntários. “No centro, ele poderá ter sua ocupação durante o dia. Este apoio está sendo sonhado, de uma forma bem ampla, tanto na área social, quanto na área de atividade física, lazer e esclarecimento”, afirmou Carlos.

O diretor do Colégio Prof. Heber Soares, Gilberto de Carvalho, cedeu o espaço do colégio desde o início das reuniões. Além de diretor, ele é morador do bairro há 25 anos. Carvalho ressaltou a alegria ao ver a comunidade a utilizar bem o espaço público, no caso o colégio. “A minha maior alegria é ver o pessoal, no final de semana brincando, alguns são até adolescentes que eu peguei no colo. Não podemos fazer as coisas como um peso, para mim isso aqui é um alivio, pois estou vendo muita gente que está vindo aqui ajudar a carregar o meu fardo”, desabafou.

O diretor ressaltou o trabalho da Rede de Desenvolvimento Local no bairro: “Precisamos de agentes externos, que venham aqui despertar pessoas que ainda estão dormindo. Quando vem alguém de fora e dá uma chacoalhada, faz todo mundo acordar. Se não fosse assim, não teríamos esta festa hoje. E tudo começou com meia dúzia de pessoas e depois foi crescendo. Quando há uma soma, a gente vê a nossa força”, reforçou.

Por Thais Leite e Samantha Machado

Follow by Email
RSS